sexta-feira, 23 de março de 2012

Liberdade


Vivem a me falar 
Que tomei o caminho errado 
Que deveria eu seguir o mesmo caminho que eles
Sem questionar

Acredito eu 
Que fiz o certo 
Abandonando essas crenças milenares
As quais desde criança 
A sociedade me forçava a acreditar

Já não mais lembro 
Quando ou porque 
Comecei a questionar 
Mas assim que comecei 
Não mais parei 
Até que a pouca fé que me restava
Se extinguir completamente
Como uma vela que se apaga ao seu fim 

Finalmente estou livre
Livre do dogma religioso, de sua opressão 
Livre para pensar e questionar o que quiser
Livre para decidir por mim mesmo o que é certo e errado 

Os questionamentos continuem 
Porém 
Agora ao invés de serem como gotas no deserto 
Eles fluem livres como as grandes correntes do mar


São as questões que movem o mundo 
E não as respostas
Principalmente aquelas que não são baseadas em evidências
E sim em pura e ingênua fé 

Os monstros e os medos 
Que povoavam minha mente
Se provaram falsos 
Quando a luz da razão me iluminou 

Hoje em dia 
Vejo o mundo de outra forma 
Tenho conhecimentos que nunca imaginei existissem 

Não tenho esses conhecimentos por ser ateu 
Mas indubitavelmente 
Sou ateu por ter tais conhecimentos. 

Cicatrizes do Passado


Problemas, conflitos
Traumas e decepções
Memórias que todos tem 
Em algum momento de sua vida

As pessoas tem vergonha delas
Vergonha de seus sentimentos e expressões
Vergonha de seu passado 

Então vivem escondendo-se 
Montando uma máscara com um rosto feliz
Um rosto que não demonstra emoções

Não diga ser uma atitude equivocada 
Questões assim não podem simplesmente 
Serem cartas ou erradas

Mas o que me incomoda é a vergonha
Onde deveria haver orgulho

Mas o que me incomoda é a vergonha
Onde deveria haver orgulho 

Em cada cicatriz do passado 
Há uma história
Seja um drama ou uma comédia

Enfrentei muitas intempéries
Muita das quais me marcaram de uma forma
Da qual não posso simplesmente esquecer
São marcas das quais
Basta olhar para mim mesmo 
E as verei 
Como parte de mim

E é isso que eles são 
São uma parte de mim 
Peças do quebra-cabeça que sou
E que todos somos

Sou o que sou hoje
Graças ao meu passado
Mesmo não sendo agradável  
É o meu alicerce 

As marcas estão ali 
Para que eu não esqueça 
Quem eu sou
E porquê estou aqui 

Tenho orgulho de cada uma delas
E não as escondo 
Deixo amostra para que vejam
Para provar que sobrevivi 

As pessoas tem vergonha de sua cicatrizes 
E as escondem 
Elas seriam mais felizes 
Se aprendessem 
Que a pessoa feliz 
Não é aquela sem marcas
E sim aquele que as tem 
Tem orgulho delas 
E vive sua vida livremente 
Sem ter vergonha do que se é.


sexta-feira, 16 de março de 2012

Torturas Do Coração


Não ter o que você quer
Pode ser ruim
Não ter o que você precisa
Pode ser incomodo

Mas não ter aquilo para si
E ter de conviver com isso
É tortura para alma e para o corpo

Como se o que desejas
Estivesse a um metro de você
Basta você levantar seu braço
E pega-la para si

Porem você esta acorrentado
Acorrentado por seus medos
Imobilizado
Pelas suas próprias limitações
Condenado a apenas ver aquilo sem nunca ter

Você sabe que aquilo nunca será seu
Sabe que nunca poderá ter aquilo
Mas não consegue parar de olhar
De sonhar com aquilo
De desejá-la

Uma cruel tortura mental
Que às vezes causa mais dor
Que aquelas que decepam minha carne
E destroem meus ossos

Cada segundo que se passa
Cada misero segundo
Transforma-se em uma eternidade
O tempo segue-se lenta e dolorosamente

A dor da tortura é múltipla
Há a incomoda sensação de imobilidade
Há o peso das correntes
E a tristeza de estar a apenas um passo
Daquilo que tanto desejas
Que você quer
Que você precisa
E nunca finalmente chegar nela

Tudo se soma
E o produto desta soma infernal
Atingindo minha mente, meu corpo e meu coração
Atravessando-os e atingindo a minha fraca alma

Que a vida pare com esses cruéis jogos
E me deixe chegar ao meu objetivo
Ou que me mate logo
Pois é preferível morrer
A viver em tortura

Coragem


Coragem na vida
Coragem nas lutas
Coragem no amor

O que afinal é a coragem?
O que é esse valor humano tão prezado?
Será que realmente vale tanto assim

Eu não sei
Tudo que sei
É que eu a tenho
E ao mesmo tempo
Não tenho

Tenho a coragem
De ir atrás dos meus sonhos
Por mais loucos que sejam
De morrer por eles e por meus ideais
E de viver sabendo que tudo o que sei
De nada vale
E de nada eu sei realmente

Porem

Falta-me a coragem
De dizer o que sinto e o que penso
De falar o que quero a quem quero
De fazer certas coisas em determinados momentos

Uma estranha contradição
Essa sensação de ser forte
E ter pontos fracos tão aparentes

Fico a pensar sempre
No que fiz
No que poderia ter feito
E no que eu DEVERIA ter feito

Não há palavras de incentivo
Por mais poderosas que sejam
Que possam me curar deste mal

Ao estar naquela situação
O desespero vem à mente
E o medo toma conta do meu ser


Toda alto-estima e autoconfiança previamente adquiridas
Abandonam-me
E fico sozinho
Com a fonte do meu medo a minha frente

Restam-me apenas três alternativas
Fugir dessa situação e viver me escondendo dela
Fingir coragem e viver na mentira
Ou enfrentar meus medos

Mas de onde me viria à coragem para isso
Se quando estou nessa situação
Travo
E tento não pensar no que realmente quero dizer ou fazer

Eu assim como todos nos
Tenho medo das reações
Embora que a palavra não dita
E ação não feita me mate
As reações podem ser ainda mais dolorosas e perigosas

Então fico calado
Vivendo me escondendo pelo medo
Mas quem sabe um dia
A coragem me venha

terça-feira, 6 de março de 2012

O bom Samaritano


“Fazer o bem sem olhar a quem”
Será que realmente
Alguém segue isto?
Principalmente nos dias atuais

Um mundo atual
De pessoas hipócritas
Que vivem a dizer
Que amam o próximo como a si mesmos

Mas que não moveriam
Um único dedo
Para ajudar alguém
Que estivesse morrendo na sua frente

Pessoas que mentem para os outros
E o mais triste
Para si mesmas

Pessoas que ficam a esperar
Que o divino ajude os necessitados

Porem
Pior que aqueles que não ajudam
São aqueles
Que ajudam apenas aqueles
Que podem ser úteis para si no mais tardar
Que ajudam visando recompensas
Ou para fugir de castigos

Por que deixamos o mundo chegar a tal ponto?
Essa maldita cultura capitalista nos corrompe
Ensinando-nos o egoísmo e o egocentrismo
Desde que chegamos ao berço
Dizendo-nos para olhar sempre para nossos próprios umbigos
E que se dane o próximo

Onde estão as pessoas de bem?
Pessoas como o bom samaritano
Daquela antiga parábola
Que ajudou até mesmo alguém dito seu inimigo

Não por recompensas ou punições
Sem segundas intenções
Mas sim porque é o certo a se fazer

Se você que lê agora esta poesia
É assim ou aproxima-se disto
Você sabe bem o que é se sentir
Como se vivesse entre animais irracionais

Tenho nojo de viver neste corrompido mundo
Onde os poderosos fazem os fracos
Se sentirem em uma corrida uns contra os outros
Incentivando ainda mais o egoísmo

Vivo num mundo podre e corrompido
E ainda assim não me corrompo

Posso ver os espinhos contaminados com esse veneno
E senti-los arranhando minha pele
E também posso ignorá-los
O que me mantém
É lembrar que as rosas ainda estão lá
Mesmo que em menor numero
Boas pessoas ainda existem

Deve estar a se perguntar:
Por que eu posso afirmar isso?

Porque eu sou uma delas
Não sou totalmente puro
Afinal os espinhos já me envenenaram
Mas me mantenho o mais limpo possível
Da nojeira deste mundo
Mentalmente e no próprio sangue

Sou bom e ajudo a todos que posso
Mesmo que às vezes nem os conheça
Porém
Não quero saber de recompensas
E também não o faço por temer punição divina
Apenas sou correto e faço a coisa certa

Após estas reflexões
Crio minha filosofia
Aprendi algo
Que levarei comigo de agora  em diante

Agir corretamente e ser uma boa pessoa
Pode não mudar os outros
Mas pelo menos pra mim
Ajudar alguém me trás uma sensação de um paraíso eterno
Sei que ao me deitar de madrugada eu sei que contribui pra felicidade de alguém e isso já é um presente que nem os Deuses podem me dar