sábado, 2 de maio de 2015

Ninguém




Que tolo fui eu
Ao pensar que
Havia algo para mim
Neste mundo

Esqueci-me de meu lugar
E por isso sofri

Me esqueci
De que eu sou
Apenas mais um na multidão

Apenas mais um
Entre todas as pessoas
Que acordam todos os dias
Que dormem todas as noites

Sem
Qualquer
Diferença
Sem qualquer distinção

Eu...
Eu não nasci para me destacar
Deve ser isso
O destino

Ser
Mais
 Um

Afinal
Eu não nasci com nada que chamasse a atenção
Que atraísse qualquer interesse
De qualquer tipo

Meus talentos?
Ultrapassados
Antiquados para o mundo de hoje

Meus pensamentos?
Considerados de um louco

Também não tenho nenhuma posse
Não dei sorte
De nascer em berço esplêndido

Tudo que sou
Apenas mais um na multidão

Mas que para além da multidão

Eu posso sentir
Ver
Cheirar
Tocar
Sentimentos alheios

Mas sem nunca
Tê-los para mim

Condenado a ser
Apenas um observador
Quieto
Passivo

Eis minha sina
Aguardar no meio da multidão
Sabendo que não irei encontrar ninguém

Estar para além dela
Mas não poder fazer nada

Não poder fazer nada
Que mude seu destino

Quanto mais eu tento fugir disso
Mais eu sofro

Talvez
Tudo que eu tenha que fazer
É aceitar
Que não sou ninguém

Rosa de Papel


Um certo dia
Encontrei uma rosa
Feita de papel

Era bela
Mesmo que fosse apenas
Um pedaço de guardanapo sujo

E quem a fizera
A transformara em arte

Arte essa tão bela
E ao mesmo tempo
Tão
Finita
De tão curto tempo de vida

Nada pode dizer
Nada pode fazer
Talvez não ira durar mais que um dia

Mas lá esta ela
A rosa feita de papel

Como qualquer obra de arte
Traz sentimentos
Os que a mim vem a tona
São os do amor

Eu poderia descreve-los
Exatamente como descrevo essa rosa de papel

Uma obra de arte
Frágil
Uma peça tão destrutível na mão de gigantes
Podem esmaga-la
Destrui-la
Com um simples descontrole de seus movimentos

Somos gigantes
Segurando uma pequena rosa de papel
Quando estamos amando
E tentamos a todo custo não destruí-la

Mas infelizmente
Não somos criaturas eternas
E em um momento tudo chega ao fim
Assim como a vida desta rosa
E assim é com o amor

Tudo chega ao um fim
Em um determinado momento
Mas creio que que seja isso
Que de principal valor a vida

Pois
O quão preocupados
O quão cuidados
Seriamos com esse amor tão frágil
Se este já não fosse frágil?
Se ele fosse mais resistente até que nos mesmos
Provavelmente esqueceríamos dele

Aquilo que é eterno perde o sentido
Afinal
O que vale mais?

A imensidão?
Estática
Parada
Ou um momento
Curto
Perene
De tanta emoção?

Mesmo que tudo tenha um fim
Não sejas louco
E tente correr para ver o final

Viva
Encontre a sua rosa de papel
Cuide dela o tempo que durar
Pois o tempo que durar
Será todo valor que ela tem no universo