Que tolo fui eu
Ao pensar que
Havia algo para mim
Neste mundo
Esqueci-me de meu lugar
E por isso sofri
Me esqueci
De que eu sou
Apenas mais um na multidão
Apenas mais um
Entre todas as pessoas
Que acordam todos os dias
Que dormem todas as noites
Sem
Qualquer
Diferença
Sem qualquer distinção
Eu...
Eu não nasci para me destacar
Deve ser isso
O destino
Ser
Só
Mais
Um
Afinal
Eu não nasci com nada que chamasse a atenção
Que atraísse qualquer interesse
De qualquer tipo
Meus talentos?
Ultrapassados
Antiquados para o mundo de hoje
Meus pensamentos?
Considerados de um louco
Também não tenho nenhuma posse
Não dei sorte
De nascer em berço esplêndido
Tudo que sou
Apenas mais um na multidão
Mas que para além da multidão
Eu posso sentir
Ver
Cheirar
Tocar
Sentimentos alheios
Mas sem nunca
Tê-los para mim
Condenado a ser
Apenas um observador
Quieto
Passivo
Eis minha sina
Aguardar no meio da multidão
Sabendo que não irei encontrar ninguém
Estar para além dela
Mas não poder fazer nada
Não poder fazer nada
Que mude seu destino
Quanto mais eu tento fugir disso
Mais eu sofro
Talvez
Tudo que eu tenha que fazer
É aceitar
Que não sou ninguém