Alta madrugada
Não tenho com quem falar
Só eu
E eu mesmo
É a solidão em seu estado puro
Olho para minha mão
As pílulas que estão nela
A muito tempo eu as tomo
Toda noite
Elas suprimem o que eu sinto
Me deixam cada vez sentindo menos
Cada vez mais morno
Sem pirar
Ou me alegrar
Eu olho para elas agora
Elas são a minha fuga
Aquilo que me tira a dor
Mas será que eu devo tomar elas hoje?
Nesse momento em que eu quero sentir a dor
Em que eu mereço sentir a dor?
Eu olho para elas
E me sinto mal
Elas são a fuga de um fraco
Que não suporta o peso das próprias ações
Eu não as tomarei hoje
Mas se eu não tomar
Será que ainda haverá um amanhã?