segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Rosa Branca

Hoje eu vi uma rosa
Diferente de outras
Sua cor era branca ao invés de vermelha
Seu aspecto era seco
Como se estivesse morta
Morta mas ao mesmo tempo de pé
Como se recusasse cair
Só por ter perdido sua cor
Sua vivacidade
Sua beleza
Me identifico com a rosa
Ainda estou vivo
Mas para quem sabe olhar
Não há mais cor em minha vida
Não me lembro quando
Comecei a morrer por dentro
Só sei que cada dia que passa
Mais um pedaço de mim se vai
Ainda assim me mantenho de pé
Uns diriam que é obra do orgulho
Uns da minha força de vontade
Entre várias outras possibilidades
Mas talvez
Eu só não tenha
Morrido o suficiente
Ainda...

A fonte Dos Poemas

Mesmo que digam
Que tenho talento
Que sou bom com as palavras
Que deveria investir nisso

Mas devo admitir
Que mesmo após centenas de poemas escritos
Apenas uma pequena parcela destes
São realmente MINHAS PALAVRAS

Mas não confunda
Achando que eu vivi de plagio
Meu código de conduta me impede de fazer isso

Porque assim como os poetas gregos
Que nunca eram autores de seus próprios poemas
E sim apenas escreviam o que as musas ditavam em seus ouvidos
Assim eu sou

Sou apenas um receptáculo
Para as palavras que a mim chegam
Através das vozes
Que refletem minha alma e o mundo ao meu redor
E ate mesmo coisas superiores a isso

Muitas foram as vozes que ouvi
Durante todos esses anos
Dos mais variados tipos

A voz do medo
A voz da solidão
A voz do coração
Entre tantas outras

E agora uma nova voz se faz presente
Diferente de todas as outras
Que fala de esperança
No lugar de desespero
De ganhos
Ao invés de perdas
De vida
No lugar da morte

Porem nunca sei
Qual será a próxima voz
Ou quando ela vira

Como eu disse sou apenas um receptáculo
Esperando que alguma das vozes
Se manifeste
Para então saber qual será o próximo poema

A bela, a fera e a caverna

Já faz algum tempo
Desde que vim viver aqui
Nessa caverna escura e fria

Vivendo solitário
Para que o mal que havia dentro de mim
Não tocasse a mais ninguém
Não queria que ninguém
Tivesse que escutar vozes na escuridão

Já bastava um amaldiçoado
Eu podendo carregar esse peso sozinho
Por que motivo
Eu faria mais alguém carregar
O fardo que é somente meu?

Eu varias vezes
Ficava a andar pelo labirinto
Buscando matar o tédio
Para não ter que matar a mim mesmo

Em uma dessas
Eu a encontrei
Na mais profunda escuridão
A garota com o brilho do sol em seu olhar

De inicio tive medo de me aproximar
Eu, um monstro deformado pela escuridão
Altamente ferido por tentar voar onde não devia
E o pior de tudo
Amaldiçoado a carregar a escuridão

Já ela
Era tão bela
E ao mesmo tempo tão triste
Odiava ver quando o brilho de seu olhar
Era apagado pelas lagrimas derramadas

Com o tempo nos conhecemos
Com o tempo a amizade se fez presente
E cada vez mais eu voltava aquela pesada escuridão
Apenas para encontrá-la
E fazer ela rir
Fazer ela esquecer a dor que sentia

Até que chegou o dia
Em que eu não queria mais sair dali
Não queria mais estar sozinho na escuridão
Eu queria companhia
Eu queria ela

Mas como pode ser possível
Como pode dar certo
Um amor entre a bela e a fera?
Como Luz e escuridão poderiam conviver?

Por mais estranho que fosse
Ela também já pensava o mesmo

Já não queria que eu me fosse
Mesmo tendo o brilho do sol
Ela dizia ser eu que iluminava a sua escuridão
Eu era a sua lua

Iremos juntos então aqui ficar
Onde ninguém queria ficar
Nos fizemos o nosso lar

Já que mundo superior e sua luz
Havia rejeitado ambos
A caverna
Seria nosso lar
E a escuridão
A testemunha de nosso amor

Voz de Anjo

Era alta noite
Quando ouvi sua voz
Pela primeira vez

De inicio achei que estava delirando
Seria um anjo do senhor a falar comigo?
Mas anjos aparentemente não falam
Eles cantam

Cantam louvores
Adoram ao senhor
Com uma voz tão bela
Que acalmam o coração

Mas esse anjo era real
Estava logo ali
Tão perto e ao mesmo tempo tão longe
Onde sera que a encontrarei novamente?

Se é que encontrarei
Só sei que quero
Ouvir novamente a voz do anjo